sábado, 19 de outubro de 2013

APESAR DA FALTA DE LEGISLAÇÃO, EMPRESAS JÁ NÃO UTILIZAM TESTES EM ANIMAIS



O povo brasileiro apoia o fim dos testes em animais. (Foto: ThinkStock)Maus-tratos aos animais é um assunto sério. E muita gente levanta a bandeira em favor dos bichinhos: uns desistem de comer carne, outros não usam produtos com couro ou peles, e há aqueles que são terminantemente contra produtos testados em animais. A questão é que muitas empresas, incluindo as de cosméticos, sacrificam milhares de animais por ano em pesquisas para validação de batons, xampus e perfumes. Se você acha isso um absurdo, fique de olho! Organizações como a PEA (Projeto Esperança Animal) e a internacional PETA (People for the Ethical Treatment of Animals) dão à sociedade um pouco mais de informação sobre o assunto e incluem nos seus arquivos o nome das empresas que adotaram o modelo "cruelty free" (livre de crueldade).


Leia também:
Polícia inicia busca por cães levados de laboratório por ativistas
Ativistas invadem laboratório para libertar cães usados em testes
Ativistas invadem laboratório para libertar cães

Mas o que é uma empresa "cruelty free"? A organização Humane Society International (HSI), outra que luta contra os testes, define como livre de crueldade "uma empresa que eliminou a experimentação animal em todos os níveis de produção a partir de uma data precisa. Isso se aplica aos testes de produtos acabados assim como testes de cada ingrediente". E mais: a empresa assim denominada não pode vender seus produtos em países que exigem testes em animais, nem pode usar ingredientes novos que eventualmente levariam a realização de novos testes em animais. Além disso, deve garantir que todos os seus fornecedores de ingredientes se comprometam também a não fazer novos testes em animais.

O povo brasileiro apoia o fim dos testes em animais. Recente pesquisa, realizada pela HSI/IBOPE, revelou que 67% da população se diz favorável à proibição dos testes em animais para cosméticos e seus ingredientes. Mas por aqui essa conversa ainda deve durar. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é quem estabelece e fiscaliza as normas desde a produção até o consumo final. Sobre o assunto, ela descreve em seu portal que "apesar da proibição para testes em animais ser uma tendência mundial, ainda não há uma legislação em vigência no Brasil a respeito".

Ainda, segundo o órgão, "de acordo com o Guia para Avaliação de Segurança de Produtos Cosméticos, não é possível abandonar a utilização de animais na avaliação da segurança de produtos, por falta de métodos alternativos validados". Então, não há previsão de uma legislação aos moldes da União Europeia.

Por lá os testes de cosméticos em animais são proibidos desde 2009. E, em março deste ano foi proibida a venda de produtos que passaram por esse tipo de testagem, incluindo os importados. Israel estava a frente da discussão e desde 2007 possui legislação para tratar o assunto. A Índia deu um basta nos testes em julho deste ano e segue rumo à outro passo importante: combater a terceirização dos testes de produtos indianos em outros países. A Coreia do Sul também se engajou na luta e busca, na letra da lei, acabar com a prática.

De acordo com a HSI, toda essa polêmica poderia ser amenizada se as empresas garantissem a segurança de seus produtos de outra forma. A proposta da organização é utilizar "os milhares de ingredientes existentes que possuem uma longa história de uso seguro, juntamente com o uso de um número crescente de métodos alternativos que não envolvem o uso de animais".



Umas dizem sim, outras dizem não



A Natura diz, em seu site, que, desde 2006, aboliu o teste em animais. "Ao invés de utilizar animais em nossos testes utilizamos as mais avançadas técnicas mundiais de avaliação que incluem modelos computacionais, pesquisa e revisão contínua dos dados publicados em literatura científica do mundo todo e testes in vitro, que também são aceitos pela comunidade científica internacional", justifica a empresa.

A gigante O Boticário deu um stop nos testes em 2000 mas foi recentemente questionada por consumidoras que receberam da empresa o seguinte comunicado: "O Boticário é uma empresa pioneira na construção de relacionamentos com seus consumidores e aproveita este momento para reforçar que a empresa não realiza testes que envolvam o uso de animais no desenvolvimento de seus produtos. Esta determinação interna consta da nossa política de atuação, que é comprovada pelos protocolos submetidos e aceitos pelos mais rigorosos órgãos governamentais de fiscalização e concebidos dentro de rígidos padrões nacionais e internacionais".



A nova Jequiti, marca do Grupo Silvio Santos, é outra que entrou na onda politicamente correta e não testa em animais. Segundo a assessoria de imprensa da marca, "todos os produtos passam por pesquisas com alternativas viáveis que não incluem os testes em animais".

Já a Unilever, que possui um plano de sustentabilidade considerado referência pelo mercado, ainda utiliza testes em animais mas diz que está comprometida com a eliminação dos mesmos. "Em situações em que testes em animais são exigidos por lei ou atualmente inevitáveis, nosso objetivo é minimizar o número de animais utilizados", diz em comunicado.

Ao Yahoo, a Johnson & Johnson enviou comunicado diante da polêmica com os animais: "A J&J esclarece que não realiza testes em animais para nenhum dos seus produtos de higiene e beleza produzidos no Brasil. Globalmente, a empresa não realiza testes em animais para nenhum dos seus produtos, de higiene e beleza, exceto em casos de exigência da legislação local de algum país em que a empresa esteja presente. A empresa apoia os esforços para eliminar o uso de testes em animais investindo recursos científicos no desenvolvimento e na comprovação de métodos alternativos, buscando suas validações, aceitação e adequações".


Outras empresas grandes como Procter & Gamble, Pantene, Colgate-Palmolive, L´Oreal e L´Occitane figuram na lista das "non gratas". No entanto, é muito difícil identificar todas as empresas que realizam testes em animais. É bom deixar claro que uma vez na lista das empresas que não testam em animais, não é garantia do "para sempre". Algumas vão e voltam, como é o caso da AVON - que havia parado com os testes em 1989 - e da canadense MAC. As listas estão sujeitas à mudança pois algumas companhias que não fazem teste com animais aqui no Brasil precisam fazê-los para ter seus produtos em outros mercados milionários, como a China, por exemplo, onde esse tipo de teste é obrigatório desde 1990.

Ativistas pelos Direitos Animais do mundo inteiro esperam que, em breve, o mundo entenda que os testes em animais já não têm mais espaço. Para Andrew Rowan, presidente da Humane Society Internacional, "os testes de toxicidade em animais representam a ciência desatualizada; técnicas com décadas de idade, e que não podem garantir a segurança do consumidor. O futuro dos testes de segurança está nos métodos modernos baseados em biologia humana", disse em carta aberta para a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC).

Para ver a listagem completa das empresas que não utilizam animais nos testes, CLIQUE AQUI.



Mas como essa conversa começou? A polêmica dos beagles

Na sexta-feira, 18,, um grupo de ativistas invadiu o Instituto Royal e resgatou cães da raça beagle que eram usados em testes laboratoriais de produtos cosméticos e farmacêuticos. A empresa, no entanto, disse em nota que "realiza todos os testes com animais dentro das normas e exigências da Anvisa".

Os beagles são os cobaias preferidos nos laboratórios por serem animais dóceis. Só nos Estados Unidos estima-se que cerca de 70 mil beagles sejam utilizados em testes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário