quinta-feira, 1 de março de 2012

EU NÃO TENHO CULPA DO SOFRIMENTO DELE!!!

Eu não tenho culpa do sofrimento dele!”

"Casei-me por amor e dessa relação vieram três filhos. Hoje, já não sei mais o que vivo. Às vezes, o odeio. Outras vezes, o amo. E ele faz questão de fazer de conta que não é com ele. Me trata mal na maior parte do tempo e, por vezes, se esquece desse seu algoz e me trata com carinho. Não sei o que pensar, não sei o que fazer. É verdade que ele teve uma infância sofrida. E, o que vivemos hoje, parece-me ser consequência da dor que ele sentiu de pequeno. Mas, eu não tenho culpa! Não sou "saco de pancadas". O que eu faço? Largo tudo? Fico preocupada com os meninos."
Léia, que difícil essa sua situação. Sei bem o que está dizendo e o que está passando. Você tem razão, quando diz que os problemas que ele teve na infância impactam sua via a dois. Isso é real. Tendemos a repetir o que conhecemos, ao que nos habituamos. E, mudar um hábito, uma atitude, demanda um trabalho imenso de autoconhecimento. Ainda assim, muitas vezes, só o que conseguimos é aprender a lidar com nossas faltas, nossa imperfeição.
Você pode, então, me perguntar, isso não tem cura? Ele nunca vai superar o que passou?
Pois é, tudo na vida demanda - mesmo -  AMOR. Ele terá de exercitar esse sentimento de maneira tão forte e intensa que possa perdoar-se por ter se deixado impactar negativamente pela situação, perdoar a seus pais e seus irmãos que, provavelmente, tiveram uma infância ainda pior que a que ele experimentou ou percebeu.
E, tudo isso é complexo. O trabalho de autoconhecimento, demanda olhar para dentro, olhar para trás, olhar para a ferida ainda aberta. E, com compaixão, humildade e determinação, aos poucos, trabalhar para que essa criança interior possa ser resgatada e, então, curada.
Quanto à sua pergunta se vale a pena? Se o negócio é largar tudo e ir embora? Diria a você que sempre vale a pena. Nós humanos somos assim mesmo, imperfeitos, às vezes rudes, às vezes sofridos, às vezes compassivos e tolerantes.
Agora, que fique claro: isso não quer dizer aceitar maus tratos, agressão física e qualquer outro tipo de perversidade. Quer dizer que se houver uma possibilidade de negociação, de iniciarem, juntos, uma terapia, participarem de Grupos de Ajuda, de Oração e outros, que possa trazer de volta a paz à sua família, talvez, haja uma saída possível.
O primeiro passo é fazê-lo compreender como você se sente dentro dessa inconstância. O quanto se sente atingida por essa intemperança dele. Daí, fazê-lo compreender que ele tem um problema e que precisa de ajuda, pode ser uma esperança. Nesse momento, minha cara, você precisará também rever os seus conceitos e compreender que tipo de atitude sua o faz reviver a mesma dor da infância e na contrapartida, agredir. Você terá que também abrir-se, para por fim descobrir-se. Afinal, uma relação é sempre construída a dois...
Espero de coração que consigam encontrar um caminho juntos e que isso não afete os meninos. Tente mantê-los sempre na realidade...  Fique com Deus.
Sandra Maia é autora dos livros Eu Faço Tudo por Você — Histórias e Relacionamentos Codependentes, Você Está Disponível? Um Caminho para o Amor Pleno e Coisas do Amor.

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